quarta-feira, 22 de outubro de 2008


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Ilustração de Benjamin Lacombe
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Hoje, sem querer, colou-se aos meus dedos uma foto tua.
Deu-me saudades de ti.
Da tua presença, da tua voz, dos teus olhos, da tua pele, dos teus cabelos ruivos.
Estás como estavas sempre. Serena, misteriosa, profunda e terrivelmente bonita.
Do lado de lá, olhas-me nos olhos sem o saberes… Com o verde de mil esmeraldas encerradas numa arca de tesouros.
Tranquilamente descansa nos teus braços a tua alma de gato… gentia, escura, traidora mas impossível de lhe resistir.
Fico a olhar-te de fora e invoco a tua presença.
Mergulho nos teus cabelos ruivos… Com os meus dedos transformo esses fios de fogo numa manta de retalhos que cobre o meu corpo, que invade o meu pensamento.
Esses fios de fogo queimam a minha pele e ferem, marcando a tua presença em mim, de uma forma inesquecível, impossível de calar o eco.
Esfrego o meu rosto no teu vermelho e na tua pele que cheira a talco, a mel, a afagos.
Que saudades… de te abraçar e gentilmente conservar a tua luz no meu peito. Que saudades de te sentir cá dentro a pulsar com muita força, como coração que batesse.
E o teu sangue, vermelho como o cabelo, preenche o azul das minhas veias e torna-as uma vez mais de fogo também.