terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No alto da montanha...


Fotografia de Ana Rita Neves
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"No alto da montanha,

pertinho lá do céu...

Havia um castelinho

onde um rei viveu.

De lá se via o céu,

se via a terra, ao longe o mar...

No alto da montanha

quem me dera lá morar"

Canção Popular Infantil


Quando eu era pequena, a minha irmã cantava-me este canção para eu adormecer. Sempre imaginei que o castelo de que ela falava era o Palácio da Pena. Por isso é para mim um local mágico, que sempre povoou os meus sonhos.

Para Marta de Madrid, a autora desta ilustração que eu adoro!


Ilustração de Marta Chicote
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Um dia ao passear pela net descobri esta ilustração. Fiquei vidrada ao observá-la e guardei-a de imediato. Na altura não me recordo de ter visto o nome da autora e para ser sincera já nem sei bem onde a desencantei. Identifiquei-me de imediato com a menina: sentada na cama, de joelhos apertados contra o peito e de olhos grandes perdidos na lua e em pensamentos. Esta imagem passou a viver no fundo do meu computador, no fundo do meu telemóvel e no fundo do meu coração... Ao olhar esta ilustração inventei um conto e na realidade, senti-me de facto a menina que está sentada naquela cama com o olhar perdido naquela lua e naquela floresta.
Foi por isso, que quando pensei em tirar da gaveta o que escrevo para um blogue, esta imagem surgiu de imediato na minha cabeça como identidade do blogue. Só havia um "pequeno grande" problema... Eu não sabia quem tinha desenhado esta ilustração! Naveguei de novo na net para procurar, mas a única identificação que tinha da imagem era "lua"... Ainda pensei em usar outra ilustração, mas de facto, só esta é que fazia sentido...
E assim ficou a imagem e como autora coloquei: "Continuo à procura da autora!!!"
Mas se eu não encontrei a autora, a autora encontrou-me a mim :)
E fico feliz por isso. Porque posso dizer-lhe o quanto apreciei o seu trabalho, o quanto me inspirou para escrever e para sonhar, o quanto a sua ilustração me apaixonou.
Queria com esta postagem, agradecer à Marta Chicote, a autora desta ilustração. Pelo seu talento, pela sua criatividade e pela sua compreensão...
Por coincidência também me chamo Marta, e as minhas iniciais também são MC (Marta Carapuço :)).
Entretanto removi a ilustração a pedido da autora. E tem toda a lógica. Não quero de maneira nenhuma que haja confusão com a autoria da ilustração.
Por isso, esta postagem é em honra da Marta Chicote.
A seguir vem o texto que escrevi a olhar para a tua ilustração Marta de Madrid (Espanha).
Um grande beijinho da Marta de Sintra (Portugal).
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A minha cama é o tapete voador dos meus sonhos. Junto com força os joelhos ao peito e os meus cabelos voam, porque o meu pensamento viaja longe, para lá das árvores e do negrume do céu. O gato preto mia. Salta para o tapete comigo e espera boleia nestas viagens. Vejo a lua num céu de pontinhos brilhantes. Ela sorri-me sem rosto, só com lábios de luz. Eu olho a lua e ela revê-se no meu olhar… eu sou o outro lado do espelho onde vive a sua alma… calma e gentil com sussurros de vaivém. Houve um dia… que o céu ficou sem lua. Ela não voltou. Ficou presa cá dentro, embalada na água dos meus olhos. Pensou que tinha encontrado o mar… eu expliquei-lhe aflita, que não era aí o seu lar. Mas ela demorou-se a querer ouvir, não quis saber. Lá fora achavam que era Lua Nova e a escuridão da floresta ficava assim decifrada. Os dias passavam e a Lua era apenas um fantasma no céu… As marés não se conformavam. Primeiro desconfiadas a Lua Nova aceitaram, mas lá dentro da sua alma sentiam o engano. O tempo escorria e as ondas desorientaram-se, perderam o rumo… Procuraram inquietas a sua musa em todo o lado. Primeiro buscaram o sorriso de luz dentro das suas águas: indagaram os peixes, os corais e as estrelas-do-mar… Mas depois galgaram praias, penhascos, florestas e estradas. Fizeram-se à terra em busca de orientação. Os homens fugiam incrédulos das terríveis ondas … Os dedos de mar apertavam carros, esmagavam casas, colhiam vidas… deixando apenas um rasto de sal. Eu escondia os olhos com medo… indefesa mas responsável por tal destruição. Pedia ao sorriso de luz por tudo que se soltasse dos meus olhos… que pelo seu descuido outros sofriam. “Não foi descuido”, disse-me a Lua a medo, “Foi amor…” E o meu cabelo desprendia-se em asas que se queriam salvar dos braços de água e sal. Foi então que decidida abracei as ondas de sal e de mar. O sorriso de luz e a água dos meus olhos… iriam ao mar regressar.
Texto de Marta Carapuço
P.S. Espero que gostes do texto :) Bem sei que não falas português, mas se calhar o português escrito fica mais fácil de entender...