terça-feira, 26 de agosto de 2008

Amélie Poulain



Um dos meus filmes favoritos, já para não falar da banda sonora que é incrível :)

Ophelia


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Ophelia por Millais (1829-1896)
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Se te deitares nas águas azuis e calmas... fecha os olhos e dorme. A espuma há-de embrulhar os teus cabelos e colorir-te de brilhos, cores e risos. Não faz mal não respirar. Para quê?... Foste feita para mergulhar nas águas e fechar os olhos. Deita-te no silêncio e fica... fica enquanto lá fora gritarem e estiver escuro. Fica que aqui é tudo azul e bonito. Lá fora está frio e parece-me que também não pertences lá.
Deixa-te ficar, que as fadas hão-de vir buscar-te...
Lá fora o Outono continua com os seus castanhos de ouro pendurados nas árvores. Lá fora a realidade chega despida ou vestida de preconceitos. E tu não queres nada disso, eu sei. Tu sabes que a lua não é um rosto bonito no céu a sorrir, tal como o sol não é o fogo que queima cá dentro. A vida não é um respirar contínuo tão-somente, aliás, tu sabes que isso é o menos importante.
Deixa-te ficar que as fadas hão-de vir buscar-te...
Bem sei que há os que choram, mas mesmo esses hão-de secar as suas lágrimas. Tu mais tarde serás sombra vestida de cores com asas.
Deixa-te ficar que as fadas hão-de vir buscar-te...
Chegarão de mansinho, com pés de orvalho. Hão-se tocar-te ao de leve, espalhando os teus cabelos, cobrindo-te de óleos de cheiros. Hão-de beijar-te, sugar-te a vida, soprar-te histórias bonitas para dentro do teu sono.
Vês?... Não faz mal não respirar.
A tua imagem no lago de cores de Outono será ainda pintada por um louco inspirado pelo destino. Desenhará o teu cabelo espalhado no lago como fogo, e o teu rosto tranquilo dirá que encontraste fadas pelo caminho.