sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009


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Ilustração de Nicoletta Ceccoli
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Vou cobrir-te de beijos ternos, doces… como pequenos afagos de vento.
Vou olhar-te com cuidado, demorar a minha vontade em ti, demorar o meu desejo em mim.
Vou enlear-te de seda colorida, fria, que te arrepia quando roça a tua pele.
Vou desenhar-te cores nos lábios, nos olhos, no teu corpo dourado de areia.
Vou descansar o meu corpo no teu… largar este peso como lastro sobre os teus ombros, o teu peito, a tua barriga, as tuas pernas.
Vou abraçar-te com força para que o meu existir derreta na tua pele
E que juntas passem a ser uma só.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009





Klimt, Golden fish
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Olho-te a medo. Com medo de ti, com medo de mim.
Desejo-te a medo, quando fica escuro em mim.
Passo então os meus dedos no vermelho dos teus cabelos, no carmim dos teus lábios,
nas sardas que salpicam o teu rosto.
Afundo os meus olhos nos teus e peço-te por favor que não digas nada…
Porque as palavras rebentam a bola de sabão onde tu e eu moramos.
Ficamos então assim… como alma e reflexo uma da outra.
Passando os dedos em ti como se me procurasse a mim.

domingo, 22 de fevereiro de 2009


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Ilustração de Benjamin Lacombe
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Cabes todo na minha mão… o teu riso, o teu azul, as tuas sardas.
Fecho a minha mão com força e encosto-a ao meu peito. Que está quente, que pulsa ao sentir-te, que se arrepia ao pressentir-te. E fecho os olhos com força porque a dor se confunde com o prazer. E não aguento, toda essa força, toda essa urgência de sentir.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Slumdog Millionaire de Danny Boyle

Era minha intenção ter ido ver ontem a Coraline. Quando lá cheguei fiquei tristíssima porque só tinham a versão portuguesa...
Acabámos por ver Slumdog Millionaire... Aconselho vivamente!!!! O argumento é fantástico, o retrato social é precioso, e toda a banda sonora é realmente incrível. Um filme forte, profundo, bonito e apesar de tudo tão simples... Já ganhou 4 globos de ouro (Melhor realizador, Melhor fotografia, Melhor banda sonora e Melhor argumento), vamos ver quantos óscares vai ganhar :)




Aqui estão mais algumas fotografias do filme. A música Jai Ho é fantástica! Vejam o filme, vale muito, muito a pena!!!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Coraline de Henry Selick



"Have you ever wished for a different life?
Be careful what you wish for..."

Tenho visto a publicidade a este filme nos cartazes espalhados por aí, e estou enfeitiçada... Tenho de ver este filme!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Livraria Lello e Irmão - Porto, Portugal



Fotografias de J.Lorea

Numa livraria normal, já me consigo perder horas sem fim. Nem quero imaginar quando um dia visitar este livraria perdida no espaço e no tempo. Fica no Porto e é motivo de orgulho...
Aqui fica um cheirinho do que deve ser esta pequena maravilha!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Era uma vez Sintra...

Pode encontrar estas fotos aqui no TrekEarth



Escrevi o conto que se segue, quando tinha 15 anos. Nessa altura, comecei a estudar na Portela de Sintra. Nunca tinha convivido tão de perto com a Serra de Sintra, com o Castelo dos Mouros, com o Palácio da Pena, com a Vila... e sinceramente acreditei (e acredito) que Sintra é de facto um local mágico.

Com 15 anos, esta história foi a minha maneira de honrar Sintra, de lhe dizer como ela me fascinava e me encantava. Mas no Inverno, Sintra tem tanto de mágico e nostálgico como de mórbido...

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- Conta-me um conto - disseram-me - Conta-me um conto que fale de estrelas, céus, florestas…
- Um conto? – perguntei – Queres ouvir um conto que fale de magias, queres ouvir poesias que falem de amor?
- Sim. Quero um conto perdido no espaço e no tempo, quero ouvir falar de reis, rainhas, deusas… Quero um conto de outrora sonhado por ti.
- Era uma vez Sintra, - comecei então eu – terra sagrada dos deuses…
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Lá vivia Morgane, filha dos céus e das estrelas, lá de onde se erguia um castelo rude e simples, mas altivo e sobranceiro dos Mouros chamado.
Morgane nasceu na floresta, numa noite de tempestade. Nasceu da magia que os deuses evocaram para proteger Sintra. Foi abençoada e a sua vida destinava-se a um momento...
Na sua última noite, Morgane vestiu-se de branco, dançou no escuro, ergueu-se em preces, falou aos ventos, clamou poesias. A floresta, onde sempre sonhara acabar os seus dias, agitava-se em seu nome, explodia em tempestades.
Algures perdido nessa noite, um príncipe vagueava empurrado pelo vento e pela chuva, sem querer, sem saber para onde os passos o levavam. Seguia sem rumo até ouvir tais melodias e desconcertos. Seguindo o som acabou por encontrá-la. Demorou o olhar em Morgane, ficou deslumbrado com o momento.
Morgane movia-se num bailado magoado de gestos vincados e lentos. Insinuava-se como uma imagem deturpada… Dançava ao vento, à noite, à magia confusa do momento. Mostrava-se ao mundo e reclamava por um toque, um afago. E sorria confundindo a sua beleza no escuro que a esquecia.
Ele não sabia o que seguia, não conhecia o que adorava. Aproximou-se da mulher de branco que na floresta dançava… aproximou-se sem medo perdido no espanto, tocou-lhe ao de leve no seu corpo e pediu-lhe:
- Senhora de Branco, leva-me contigo nessas magias, ensina-me a sonhar que me sinto perdido.
Ela sorriu a medo e soprou-lhe para dentro do seu olhar, palavras de tudo e de sonho. Embalou-o na sua melodia e dançaram ao vento e à noite escura.
Os deuses ergueram-se numa só voz. Lançaram chuva e raios, pintaram os céus com brilhos, apagaram as brumas, abençoaram o momento.
Morgane e o seu príncipe esqueciam tudo e todos e amavam-se num momento secreto e sagrado. O sonho era tudo, a vida nada ou quase nada…
Quando o príncipe acordou nessa manhã, viu com surpresa que estava só. Relembrou a sua noite sem perceber se a vivera de facto ou se ficara perdido numa ilusão.
Nesse dia foi proclamado rei; dizia o povo que tinha sido escolhido pelos deuses. E contavam-se histórias no reino de que uma deusa surgira em Sintra no meio da tempestade e vestida de branco nas suas florestas dançara, clamando ao povo que já tinham rei. O povo chamava ao seu novo rei, príncipe da Pena, nome que a deusa cantara nas suas melodias.
Ao príncipe não lhe interessava um reino, nem sequer o seu palácio prometido. Não encontrava forças em si que encaminhassem um povo e não conhecia aquela história como o povo a contava. Só ansiava pela noite, por uma nova visão da sua mulher de branco.
Seis noites o príncipe vagueou sem rumo pela floresta, seis noites esperou pela mulher de branco, mas tudo permanecia vazio e intacto. Na sétima noite os céus estouraram em lamúrias e uma tempestade rompeu o silêncio. E o príncipe da Pena ouviu de novo aqueles cantares. Percorreu os jardins do Palácio, enfrentou a floresta dos Mouros e encontrou-a rezando na muralha mais alta do Castelo.
Ele apaixonado pediu-lhe tudo, Morgane insana deu-lhe a sua magia. O príncipe sem saber o que pedira, num golpe doce rasgou-lhe a vida... Preencheu-a na complacência de um grito e agitou-a em preces e murmurou-lhe delírios, ditou-lhe loucuras num beijo esquecido. Tarde na noite, o príncipe levou-a, a noite cantava melancolia, carregou-a nos seus braços enquanto chorava e tremia.
E os céus gritaram-lhe mil trovões, mostraram-lhe mil luzes, mas o apaixonado corria e ela nos seus braços desfalecia. Ele falou-lhe em preces e ainda que morresse, dava-lhe beijos e implorava-lhe que vivesse. Ela desmaiada em sonhos, perdida da vida, agitava-se em pesadelos… Morgane morria.
O apaixonado chorava, em lamúrias tristes e inconsoláveis. Ela deitada nos seus braços, era embalada numa melancolia terna, num afago meigo. Por entre soluços ele soprava-lhe palavras bonitas, acariciava-a e contemplava-a. Prometia-lhe céus, falava-lhe loucuras, implorava-lhe perdão… pedia-lhe apenas que ficasse.
- Peço-te que vivas – murmurava ele – quero que saibas que te amo… que vou proteger a tua serra todos os dias da minha vida.
E abraçou-a, num abraço carregado de estrelas, infinito e pena, muita pena... E Morgane, desfalecida nos seus braços, delirava poesias, falava de sonhos. Já se sentia longe, já vivia para lá do sol, era Deusa e Senhora de Sintra. Mas ouvia o seu príncipe que lhe dedicava preces de amor e magia…
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- Morgane morreu? – perguntou alguém num espanto.
- Sim. Todas as noites passeia de branco nas muralhas do Castelo, nos jardins encantados do Palácio, no alto da Serra, nas florestas sagradas de Sintra.
- E o príncipe da Pena?...
- Reinou um século, protegeu Sintra. Foi ao encontro de Morgane no castelo, todas as noites de tempestade.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Prémio Dardos


Este blogue, o "Tapete Voador", ganhou um prémio, o Prémio Dardos, o qual me deixou muito orgulhosa.
“Com o Prémio Dardos reconhecem-se os valores que cada blogger, emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloggers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.”

Quem atribuiu este prémio ao Tapete Voador foi a Célia Jordão Alves, autora do blogue Caixa dos Pirolitos, do qual sou fã nº1! Obrigada Célia por todas as visitas que me fazes e pelos mimos que vais deixando.

Esta acaba por ser uma boa oportunidade para divulgar alguns dos blogues que eu visito, revisito e volto a visitar porque simplesmente me fascinam por um motivo ou por outro. Só fico com pena que a escolha seja de 15 apenas...

Então, quem for agraciado com este prémio, deverá se assim o aceitar, fazer o seguinte:
"O premiado deve, por favor, seguir estas instruções:
1)Deve exibir a imagem em seu blog;
2)Deve apresentar o blog pelo qual recebeu a indicação;
3)Escolher outros 15 blogs a quem entregar o Prémio Dardos,
4)Avisar os escolhidos"


Estas são as minhas escolhas, mas volto a dizer que 15 são poucos, porque a quantidade de blogues que admiro é muito maior:

Alfinete de Dama
Tal qual sou
The pink inuit
Roger Olmos
Décousu
Cores em tons de Cinza
Caixa de Papelão
Conspirações Artísticas
Helena Simas ilustra
O Morcego saíu à rua
Bem estar
eendar
Papéis por todo o lado
Pozinhos de Perlimpimpim
Rafeiro Perfumado

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Ilustração de Mehrdokht Amini
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Agarrou-me com uns braços mudos, fortes. E ficamos ali, sob um céu de estrelas e riscos. Os seus dedos sujos dedilhavam o meu rosto, libertando cores e vazio. Deitou-me no seu colo e contou-me segredos que agora me castram.
E aquele abraço sabia a vento… encorpado mas vazio. Cheio de enganos. Daquele abraço eu fugi… talvez para não me enfrentar.
Durmo agora sonos soltos e carrego um fardo que só é leve quando tu estás.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Elis Regina, Romaria



O meu irmão mais velho preencheu a minha infância de memórias, como todos os irmãos mais velhos... Conheço esta canção desde essa altura: quando ele a cantava e quando ele me a ensinou. Obrigada :)

No YouTube aparecem outros vídeos em que a voz dela está mais nítida e bonita, mas só neste a encontrei a cantar. E ela canta com tanto sentimento que isso não podia passar despercebido.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tim Burton, The Corpse Bride


Corpse Bride, Piano Duet


Corpse Bride, The final scene


Um bocadinho de um filme que eu achei simplesmente delicioso. Imagens fantásticas, fantasmagóricas e ternurentas. Adoro as cores contrastantes e eléctricas das ilustrações. Quem me dera desenhar assim :)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Palavras de sorte


Iustração de CLAUDIA EMANUELA COPPOLA
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Vou soprar para dentro da minha mão palavras de sorte…
Soprá-las com cuidado para que não se estilhacem nas muralhas dos meus dedos.
Depois vou fechar os olhos e sorrir com certezas.