quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz 2009



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Ilustração de Carla Nazareth
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Vou pedir às estrelas que este 2009 traga dias de paz e alegria para todos.

Que consigamos apreciar o dia a dia, sem pressas, sem receios e com muita vontade de ser e de viver.

Com certeza que vão haver dias menos bons... mas estamos rodeados de familiares, amigos e por isso de amor. E afinal de contas não é o amor o que nos faz sentir melhor?...

Feliz 2009!!!!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No alto da montanha...


Fotografia de Ana Rita Neves
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"No alto da montanha,

pertinho lá do céu...

Havia um castelinho

onde um rei viveu.

De lá se via o céu,

se via a terra, ao longe o mar...

No alto da montanha

quem me dera lá morar"

Canção Popular Infantil


Quando eu era pequena, a minha irmã cantava-me este canção para eu adormecer. Sempre imaginei que o castelo de que ela falava era o Palácio da Pena. Por isso é para mim um local mágico, que sempre povoou os meus sonhos.

Para Marta de Madrid, a autora desta ilustração que eu adoro!


Ilustração de Marta Chicote
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Um dia ao passear pela net descobri esta ilustração. Fiquei vidrada ao observá-la e guardei-a de imediato. Na altura não me recordo de ter visto o nome da autora e para ser sincera já nem sei bem onde a desencantei. Identifiquei-me de imediato com a menina: sentada na cama, de joelhos apertados contra o peito e de olhos grandes perdidos na lua e em pensamentos. Esta imagem passou a viver no fundo do meu computador, no fundo do meu telemóvel e no fundo do meu coração... Ao olhar esta ilustração inventei um conto e na realidade, senti-me de facto a menina que está sentada naquela cama com o olhar perdido naquela lua e naquela floresta.
Foi por isso, que quando pensei em tirar da gaveta o que escrevo para um blogue, esta imagem surgiu de imediato na minha cabeça como identidade do blogue. Só havia um "pequeno grande" problema... Eu não sabia quem tinha desenhado esta ilustração! Naveguei de novo na net para procurar, mas a única identificação que tinha da imagem era "lua"... Ainda pensei em usar outra ilustração, mas de facto, só esta é que fazia sentido...
E assim ficou a imagem e como autora coloquei: "Continuo à procura da autora!!!"
Mas se eu não encontrei a autora, a autora encontrou-me a mim :)
E fico feliz por isso. Porque posso dizer-lhe o quanto apreciei o seu trabalho, o quanto me inspirou para escrever e para sonhar, o quanto a sua ilustração me apaixonou.
Queria com esta postagem, agradecer à Marta Chicote, a autora desta ilustração. Pelo seu talento, pela sua criatividade e pela sua compreensão...
Por coincidência também me chamo Marta, e as minhas iniciais também são MC (Marta Carapuço :)).
Entretanto removi a ilustração a pedido da autora. E tem toda a lógica. Não quero de maneira nenhuma que haja confusão com a autoria da ilustração.
Por isso, esta postagem é em honra da Marta Chicote.
A seguir vem o texto que escrevi a olhar para a tua ilustração Marta de Madrid (Espanha).
Um grande beijinho da Marta de Sintra (Portugal).
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A minha cama é o tapete voador dos meus sonhos. Junto com força os joelhos ao peito e os meus cabelos voam, porque o meu pensamento viaja longe, para lá das árvores e do negrume do céu. O gato preto mia. Salta para o tapete comigo e espera boleia nestas viagens. Vejo a lua num céu de pontinhos brilhantes. Ela sorri-me sem rosto, só com lábios de luz. Eu olho a lua e ela revê-se no meu olhar… eu sou o outro lado do espelho onde vive a sua alma… calma e gentil com sussurros de vaivém. Houve um dia… que o céu ficou sem lua. Ela não voltou. Ficou presa cá dentro, embalada na água dos meus olhos. Pensou que tinha encontrado o mar… eu expliquei-lhe aflita, que não era aí o seu lar. Mas ela demorou-se a querer ouvir, não quis saber. Lá fora achavam que era Lua Nova e a escuridão da floresta ficava assim decifrada. Os dias passavam e a Lua era apenas um fantasma no céu… As marés não se conformavam. Primeiro desconfiadas a Lua Nova aceitaram, mas lá dentro da sua alma sentiam o engano. O tempo escorria e as ondas desorientaram-se, perderam o rumo… Procuraram inquietas a sua musa em todo o lado. Primeiro buscaram o sorriso de luz dentro das suas águas: indagaram os peixes, os corais e as estrelas-do-mar… Mas depois galgaram praias, penhascos, florestas e estradas. Fizeram-se à terra em busca de orientação. Os homens fugiam incrédulos das terríveis ondas … Os dedos de mar apertavam carros, esmagavam casas, colhiam vidas… deixando apenas um rasto de sal. Eu escondia os olhos com medo… indefesa mas responsável por tal destruição. Pedia ao sorriso de luz por tudo que se soltasse dos meus olhos… que pelo seu descuido outros sofriam. “Não foi descuido”, disse-me a Lua a medo, “Foi amor…” E o meu cabelo desprendia-se em asas que se queriam salvar dos braços de água e sal. Foi então que decidida abracei as ondas de sal e de mar. O sorriso de luz e a água dos meus olhos… iriam ao mar regressar.
Texto de Marta Carapuço
P.S. Espero que gostes do texto :) Bem sei que não falas português, mas se calhar o português escrito fica mais fácil de entender...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O vosso coração ficou quentinho?


Ilustração de Nancy Poydar
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Espero que o vosso Natal tenha sido mágico...
O meu foi. A minha mãe faz questão de nos relembrar ano após ano que o Natal é magia, risos e sobretudo família. E ficamos assim com o coração quentinho, quentinho, mesmo quando a nossa meia já não fica a abarrotar de presentes porque já passámos há muito o estatuto de crianças. Espero por isso que o vosso Natal tenha sido passado com o coração quentinho e que tenham aconchegado e aquecido o coração de outros entre as vossas mãos. Eu tentei fazer a minha parte, mas acima de tudo vou tentar fazê-lo dia após dia... Por isso, desejo-vos um Feliz Natal: o de ontem, o de hoje, o de amanhã, o de todos os dias!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008




Regina Pessoa:
"Tragic Story with Happy Ending"
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Este postal mandou-me a minha sobrinha querida que está na Eslovénia no seu ano Erasmus. Ela conhece bem o meu gosto por arte um tanto ou quanto sórdida :)
Este desenho fez-me lembrar um texto que escrevi quando tinha 18 anos. Já lá vão uns bons anos ;)

O escuro lambeu-me os olhos,
disse-me que estavam molhados.
Passou a mão no meu cabelo,
deitou-se comigo.
Esfregou-se no meu corpo com um abraço,
pediu-me que não tremesse.
Pedi-lhe que fizesse amor comigo...
e foi tão meigo, tão suave e lento.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

MGMT - Kids



Mais uma daquelas que me faz vibrar! :)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mais um passo em direcção a uma grande amizade

Parece que estamos a caminhar para um entendimento :)
Viram o beijinho?
Pois é, a Salsa já dormiu na barriga dele, e até já afincou os dentes na cauda e nas orelhas do Puma! A Salsa que não abuse senão depois vai ter as consequências ;)
Ainda não podemos é tirar o açaime, a trela ou a coleira... Como eu costumo dizer: uma coisa de cada vez!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Puma do Parque dos Poetas e a Salsa da Quinta do Manel...



Puma do Parque dos Poetas
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Ele é o Puma do Parque dos Poetas... vem de uma nobre linhagem de corajosos! Pelo menos foi o que nos disse o criador. Nasceu faz no dia 4 de Janeiro 3 anos.
É um cão simpático para as pessoas, mas não pegajoso e carente de festas. Gosta do seu espaço e da sua independência... Ele é brincalhão, sempre pronto a ajudar nas pequenas e grandes tarefas. Aliás, faz mesmo questão de participar em tudo o que fazemos: nas obras da casa, a cultivar plantas aromáticas, a arranjar os vasos, a escavar buracos, a semear a relva, a regar as plantas, a lavar o pátio... enfim! Ajuda demais!!!
Faz-nos rir muito e muitas vezes. Fora o facto de se eriçar com tudo o que tem 4 patas, é o cão perfeito!
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Salsa da Quinta do Manel
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Entretanto, perguntaram-nos.... Não querem uma namorada para o Puma?
Primeiro gelei, simplesmente porque me lembrei da pouca afinidade que o Puma tem por outros com 4 patas...
Mas depois, achámos que ele tem de contrariar esta tendência ou arrisca-se a morrer virgem!
E foi então que surgiu nas nossas vidas a Salsa da Quinta do Manel, nascida no dia 15 de Outubro de 2008. Apesar de não ter uma linhagem nobre, demos-lhe um nome composto como aquele que o Puma trazia :)
Escolhemos a Salsa depois de batermos as palmas e ela ser a única da ninhada a olhar para nós em tom de desafio em vez de fugir como as irmãs. Sim, escolhemos uma fémea destemida já a pensar naquilo que ela tem de enfrentar.
Chegámos a casa e arranjámos-lhe um caixotinho com um tapete num cantinho da despensa.
Apesar de muito destemida, passou 2 noites a fio a ganir que nem uma alucinada! Não queriamos acreditar na nossa sorte, nem nos lembrávamos do Puma alguma vez ter sido assim... Felizmente que ao terceiro dia ficou afónica e já conseguimos dormir convenientemente. Também deve ter ajudado a mantinha extra, o saco de água-quente e o leitinho quente com cérélac...
Agora já corre feita maluca pela casa atrás dos bonecos, e já temos que ralhar por que nos mordisca constantemente os pés, as calças e os dedos. Desta vez já vamos ser muito mais rígidos na educação... suponho que seja assim também com os filhos, não é?
Entretanto, levámos os cães ao "pediatra" (como diz a minha irmã, ihihih) e ele confirmou-nos que o Puma é um cão muito dominante e que por isso vamos ter um trabalho extra em ambientá-lo à Salsa.
Desde sábado que andamos a passear "em família"a fazer coisas que o Puma gosta para ele se habituar à presença dela. Estamos de novo a usar a trela e as correcções que ele aprendeu na escola: junto, fica, não, senta, deita, etc. Temos a dizer que os esforços têm compensado, porque pelo menos já não se atira a ela feito doido cada vez que a vê... Claro que a coleira de bicos, a trela e o açaime é essencial...
Enfim, haja esperança e paciência, muita paciência! A ver se se tornam os melhores amigos!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Esperando uma resposta...



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Ilustração de Carla Pott
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Porque estou à espera de uma resposta que nunca mais vem, coloquei esta ilustração. Porque sinto-me assim... a olhar o tempo, a sentir os segundos como picadas.
Depois, calhou olhar para a frase do dia. Li o seguinte:

"Aquilo que não puderes controlar, não ordenes"
Sócrates

Pois, o tempo não posso controlar, nem sequer a resposta que espero.
Deu-me vontade de rir, mas arrepiei-me... As coincidências têm tanto de fantástico como de fantasmagórico, não é?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Durmam descansados ratinhos...




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Ilustração de MEHRDOKHT AMINI
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Porque durante muito tempo os ratinhos fizeram parte da minha vida... Agora já não fazem. Durmam descansados ratinhos!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dia histórico - 04 Nov. 08



Não podia deixar este dia passar sem expressar o meu contentamento pelo sucedido. Tenho a impressão que é a primeira vez na vida que vibro com umas eleições. Por muitos motivos diferentes, fico feliz com este resultado. Quanto mais não seja por simbolizar a aceitação da mudança e de uma raça diferente da branca.

Com este vídeo, deixo a minha homenagem e os meus parabéns!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Halloween


Ilustração de David Wenzel

Noite de Halloween


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Ilustração de Nicoletta Ceccoli
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Ela surgiu numa noite como esta, em que os mundos do visível e do invisível se tocam e entrelaçam os dedos como por magia…
Eu estava quieta esperando qualquer coisa… mas só a tristeza se movia.
Ela, feita de vazios e enganos, era uma pintura de cores cruéis.
Eu sentia o perfume que a envolvia. A sua fragrância espalhava-se pelos montes, inebriava os ventos.
Nisto, um penhasco desenhou-se a seus pés. Um mar surgiu grande e revolto… Um vento foi chamado do nada, e rodopiava-a, chamava-a para o abismo.
Ela atirou com o manto que a cobria. Lançou para trás o seu cabelo revolto, e com um olhar acalmou o vento.
Como pôde ela com um olhar acalmar o vento?
Ela desenhava gestos pedindo ao vento que a deixasse voar no seu seio… mas estes gestos surgiam pesados e ocos. O silêncio tornava-se desagradável. O tecido branco que a moldava adormecia em afagos no seu corpo.
Vi então que se virou de costas para o penhasco, tão lenta quanto o seu desejo o permitia. Chegou-se ao abismo e simplesmente deitou-se no vazio… esperando uns braços mudos que a agarrassem.
Ela caía pesadamente como rocha que se desprende. E sei que mesmo ao sentir o mar, ela esperava uns braços mudos que a levassem.
A sua presença foi ignorada pelos ventos… Tudo o que surgia era puro acaso, pura coincidência de imagens.
Dela ficou o perfume e mesmo esse voou para longe.
Nada morreu com ela…

sábado, 25 de outubro de 2008

A morte saíu à rua, Zéca Afonso



Esta é em tua honra querida Isabel, e em honra do nosso secundário :) Inesquecíveis anos :)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008


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Ilustração de Benjamin Lacombe
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Hoje, sem querer, colou-se aos meus dedos uma foto tua.
Deu-me saudades de ti.
Da tua presença, da tua voz, dos teus olhos, da tua pele, dos teus cabelos ruivos.
Estás como estavas sempre. Serena, misteriosa, profunda e terrivelmente bonita.
Do lado de lá, olhas-me nos olhos sem o saberes… Com o verde de mil esmeraldas encerradas numa arca de tesouros.
Tranquilamente descansa nos teus braços a tua alma de gato… gentia, escura, traidora mas impossível de lhe resistir.
Fico a olhar-te de fora e invoco a tua presença.
Mergulho nos teus cabelos ruivos… Com os meus dedos transformo esses fios de fogo numa manta de retalhos que cobre o meu corpo, que invade o meu pensamento.
Esses fios de fogo queimam a minha pele e ferem, marcando a tua presença em mim, de uma forma inesquecível, impossível de calar o eco.
Esfrego o meu rosto no teu vermelho e na tua pele que cheira a talco, a mel, a afagos.
Que saudades… de te abraçar e gentilmente conservar a tua luz no meu peito. Que saudades de te sentir cá dentro a pulsar com muita força, como coração que batesse.
E o teu sangue, vermelho como o cabelo, preenche o azul das minhas veias e torna-as uma vez mais de fogo também.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

domingo, 5 de outubro de 2008

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Ilustração de Lina Chesak
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Amanheceu.
Mais uma 2ª feira prometendo outra semana na escola. Se por um lado as salas de aula eram um refúgio, o dedo inevitável espetado no ar... era o pesadelo que se adivinhava no recreio.
Por isso aquela 2ª feira não ía ser como as outras, somente o aceno para os de casa e a mochila pesada às costas o seriam.
Tinha de fugir. Ía bem preparado para enfrentar entempéries, fome, frio e solidão.
Os livros sempre lhe tinham ensinado tudo, nunca faltando com respostas. Contudo nunca lhe haviam ensinado a suportar o frio na alma que lhe trazia estar com os outros...

sábado, 4 de outubro de 2008

Beggin' - Madcon



Uma das músicas sensação do momento! Pelo menos para mim :)

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Ilustração de Gosia Mosz
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A mão dói quando escreve por falta de prática. Os calos ficam na ponta dos dedos, dos 10 dedos das duas mãos.
Já lá vai o tempo do lápis e do papel, do risco e do rabisco... da apagadela. Agora é o "clique" que importa, o "enter" e o "delete". Saber português é o menos porque o "Microsoft Word" corrige e até dá sugestões.
E a caneta também já era... Não apaga, não muda a letra, não muda a cor, não desenha, não interage, não corrige, não opina... e faz doer a mão!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Jailer - Asa



Uma das minhas preferidas do momento...

You've lost that love feeling



Priminha!!! Estas são em tua honra :) São em memória das nossas cantorias na praia do Baleal, do muito que nos divertiamos quando estávamos juntas. Que saudades!!!!!!!!!!
Aqui em baixo a versão completa e original, ou seja, bem cantada!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008


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Ilustração de Benjamin Lacombe
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Dás-me? Ou emprestas-me apenas esse olhar?
Eu sinto-o dado mas depois quando o desvias é roubado… de mim, porque já era meu. Pelo menos porque em mim morreu e aqui dentro a sua alma desmaiou.
O teu olhar é de gotas de água que desidrata quando o bebo. Porque é minha a água em que os teus olhos chovem. É minha a alma em que os teus olhos se pintam de azul.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

The Cure - Just like heaven



Porque hoje o dia foi... "Just like heaven"! Para compensar :)

The Cure, um dos meus grupos favoritos, senão mesmo o favorito.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

La Confession - Manau



Une chanson très belle...

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Ilustração de Ginger Nielson
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Abro a mão devagarinho, para não fugires ao veres a nesga de luz. Quero espreitar-te, sentir as tuas asas a roçarem nas minhas mãos. Tenho que ter cuidado para não te apertar demais, por isso te solto aos poucos. Mas vais ter que ter paciência. Vou-te ensinar a gostares de mim... só depois terei coragem de ir abrindo aos poucos o sol para os teus olhos e mostrar-te o mundo, mostrar-te ao mundo. Será que depois foges?... Ou já me vais amar de tal maneira que voltarás sempre para mim?

domingo, 21 de setembro de 2008

la tribu de dana - Manau



"Conheci" este grupo de rap francês, os "Manau" em França, enquanto fazia o meu estágio, o meu ano ERASMUS...
Foi um ano inesquecível... pelos amigos que fiz, pelas aventuras que vivi, por tudo aquilo que aprendi.
A todos os que se cruzaram no meu caminho em Orsay, um muito obrigada!

J’ai connu ce group de rap français, “Manau”, en France, pendant que je faisais mon stage, mon année ERASMUS.
Ce a était une année inoubliable … par les amis que j’ai fait, par les aventures que j’ai vécu, par tout ce qui j’ai appris.
À tous ce qui se sont croisés mon chemin dans Orsay, je vous remercie!
(s’il y a des fautes, je suis désolée… )

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Salvador Dali, A Persistência da Memória
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Sentas-te e esperas. Finges-te paciente.
Tentas contrariar o movimento das tuas pernas... para trás e para a frente, para trás e para a frente, como o badalo de um relógio tresloucado.
Esperas coisas importantes. Sabes bem que te vão cair em cima, nem precisas de te esforçar. Só precisas mesmo de ser paciente e estar sossegada.
E já lá vão uns dias, na realidade semanas ou meses... mas tu já nem sabes contar.
A noite vem como sempre, mas umas vezes mais fria que outras.
E o dia amanhece rabugento, a esfregar os olhos e a inventar mentiras para não encarar o sol.
O rabo já está quadrado no banco do jardim e o musgo quer pintar os teus dedos de verdete.
Verdade seja dita que os teus pensamentos já estacaram algures. De tanto correrem perderam-se. Não os consegues encontrar.
Vais batendo nas mesmas teclas de sempre e o tempo vai soprando zombarias.
As estátuas olham-te invejosas... os teus olhos ainda vão mexendo. Mas os sonhos, esses, estão a afogar-se naquele lago. No mesmo lago em que aquele cão sequioso os bebe.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mc K com Beto de Almeida - Atrás do Prejuizo



Adoro a letra, a música, o arranjo... Excelente!!!!

"Eu vou sorrir para não chorar,
em mais um dia da minha vida,
vou cantar para não pensar nas mágoas desta vida..."
Mc K com Beto de Almeida - Atrás do Prejuizo



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John William Waterhouse
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... Tem paciência meu querido, que a nossa noite já não tarda.
Há-de chegar a noite de estrelas e brilhos, a noite imaginada cá dentro. Havemos de partilhar, como primeira vez, segredos. Segredos, que por mais que sejam contados, são sempre segredos. Havemos de rir e quase não suportar tanto prazer e amor. Havemos de dançar uma sensualidade molhada enquanto vivemos a mesma pele. Havemos de descobrirmo-nos, redescobrirmo-nos. Havemos de voltar depois com um luar rasgado e melancólico. Voltamos quando pensamos que já é tarde para ver rir o impossível...
Mas não queremos voltar. Queremos ficar para sempre onde há luz e vida. Queremos ficar onde o riso é contagiante e o ambiente quente e húmido. Queremos ficar onde eu vejo o teu olhar com sede, onde eu me escorro em água nos teus lábios. Queremos ficar no momento em que fechámos os olhos e quisemos sentir tudo. Queremos ficar no quente, no quente... porque ao voltar é tudo tão frio.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008



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Klimt, Waterserpents
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A areia está quente sob os meus pés. Escalda. Quero correr mas não me atrevo. Deito-me. O sol engole-me em lambidas ferozes. O corpo responde com dor. Não quero saber, está bom assim. O meu cabelo enrola-se na areia, encharca-se de sol e sal e grãos de areia.
Agarram-me mãos quentes que me violam em carícias loucas, demoradas, como se moldassem barro... e de barro me sinto. Desmancho-me ao mais pequeno toque e nele morro e fico.

domingo, 14 de setembro de 2008

Encontros e despedidas - Maria Rita



Porque a vida é feita assim... de encontros e despedidas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O meu melhor amigo canino...

Apresento-vos o meu melhor amigo canino :)
o Puma!
Um pastor-alemão que é a minha paixão e o meu sonho. Foi o meu presente de anos! Chegou com uma fita azul enorme no pescoço e um ar desafiador...
Neste momento já tem 3 anos e desde que faz parte do nosso recente núcleo familiar que tem sido o protagonista de muitas das nossas gargalhadas.
Tem nome de gato, mas a sua afinidade por outros seres de 4 patas é complicada... De resto, é um cão adorável que participa com entusiasmo em todas as actividades domésticas: jardinagem, rega, pinturas, obras, limpezas... enfim, sempre pronto a (des)ajudar!!!!
As gargalhadas que ele nos proporciona têm sido tantas, que vou abrir aqui um capítulo de apresentação do 3º elemento da nossa família, para partilhar alguns sorrisos.
Para já ficam algumas fotos de apresentação...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Falco peregrinus



E já ficamos nós contentes de voar a 200 km/h em queda livre...
O falcão peregrino ultrapassa os 300 km/h quando mergulha em perseguição de uma presa! :)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Queda Livre em Évora...



No passado dia 2 de Agosto fiz um salto tandem de queda livre, tal qual como neste filme que aqui coloquei! Quer dizer, com algumas diferenças:
1º sou rapariga,
2º o meu namorado também foi, aliás, foi ele que me fez esta surpresa :),
3º gritei que nem uma alucinada, desde que saltei até ficar com a boca tão seca que achei melhor não gritar mais!!!
4º e aterrei de pé com o meu instrutor... mas tive que me sentar logo a seguir porque o sangue estava a escorregar da minha cabeça para os meus pés a uma velocidade vertiginosa! :)

Sinceramente, foi uma experiência verdadeiramente fabulosa!!!!
A velocidade, o vento, a paisagem, a sensação de voar por uns meros segundos a cerca de 200km/h... o medo é tanto quanto a loucura do que se está a sentir.
Aconselho vivamente! :)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Deito-me no céu


Ilustração de Alan Baker
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Entrego-me, deito-me no céu vazio, azul, intenso, aguado de mar e sal e lágrimas e areia que dói quando se esfregam os olhos...
Deito-me no vazio do céu, rasgando as nuvens, o vento, as correntes quentes e frias que me lambem o corpo e agarram, dilacerando e reabrindo golpes antigos. Que já conheço, que já sei como doem, que arrisco de novo em senti-los...
Desço numa estonteante viagem, que me acelera o coração e oprime-o com medo, tanto medo...
De não sentir as minhas asas a abrirem... de me aperceber em vão que porventura não as tenho.
E vou querer que me agarres com dedos firmes e mãos fortes, que vão saber a rochas que não se gastam com o vento. Rochas de aço e não de areia...
Nunca mais quero que me saibas a areia. Essa escorrega-me pelos dedos e nunca a consigo agarrar... ilusão de a prender, abrir as mãos e sentir o vazio, que me escorre, como o azul que me emprestas do teu olhar.
E depois que sofreguidão!... A querer-te dentro de mim, para sempre e sempre. Que sofreguidão em querer condensar-te num só dia, que seja vivido inteiramente para mim e por mim, mas também por ti. Porque o queres. Porque queres ser meu, sempre meu. Mas com uma loucura permanente e tão nossa, tão incompreensível para todo o resto.

sábado, 6 de setembro de 2008

Men at work, Land down under



Conheço uma pessoa que começava a cantar este música assim:
"Cavalinho na feira..." eheheheheeh!!!!
Está descansado que não revelo a identidade :)))

Mais uma das minhas músicas preferidas!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Judite Dias no Teatro Comuna

Esta postagem é em tua honra Judite, minha querida amiga e actriz preferida... Estou desejosa de te ver de novo sob o holofote dos palcos!
Fico a torcer por ti :)



A Judite está de totós ;) e depois de macacão azul... é a afilhada do Santo António!



A Judite, para os que a não conhecem, está de casaco cor-de-laranja ;) e depois de chapéu de palha...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Heróis do mar - Só gosto de ti (tv 1985)



Podem dizer o que quiserem, mas não deixo de pensar que esta canção é espectacular!!!

Só gosto de ti, porquê não sei,
Mas estou bem assim e tu também...

Esta é para ti! Tu sabes quem :)



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Ilustração de .... (tenho de procurar !!!)
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Nunca hei-de conseguir entrar dentro de ti
E agarrar o fogo que fica nos teus olhos.
Fico de fora a olhar-te,
A desejar que fosses estrela
Para conservar a tua luz na minha mão.
E não adianta,
Por mais que digas ou faças, estás sempre longe;
Mesmo quando me abraças
Ou ficas dentro de mim horas e horas.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

João Pestana


Ilustração de Wendy Berry
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O sono... Um João-pestana que vem com magias fechadas na mão. Nessa mão pequena e apertada guarda tesouros. Ele vem rindo baixinho, esvoaçando e abrindo a mão, soltando aos poucos histórias de fadas, duendes e dragões.
Ele distribui sonhos quando abre a mão.
Fala do escuro, brinca aos sóis, joga estrelas ao céu, uiva e geme à lua... Agita as árvores num sopro sereno, acorda os animais com cantares de desvario. Sorri e graceja em melodias que quebram e doem... Sorri, passeia entre paisagens pintadas com os dedos, de cores garridas e tristes. Passeia e chega ao vazio. Aponta o dedo à cor mais bonita, borra o vazio de magias e runas.
Esboça um castelo, conta histórias e lendas...
E os meninos ouvem e tecem sonhos, nos sonos que descem sobre as suas cabeças...

Alphaville - Forever Young



Porque músicas incríveis como esta, duram para sempre...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mãos


Ilustração de Manuela Schwarz
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Há mãos que beijam quando tocam a pele, quando contornam as curvas, quando acariciam os gestos...
Há mãos que trocam anéis quando querem trocar sonhos... há mãos que falam demais quando juram amor.
Há mãos que trocam sangue, sonhos, cuspo e palavras... mãos que se sujam de chocolate com vontade de serem lambidas, tocadas... ou com vontade apenas de serem sentidas.
Um toque de dedos, um entrelaçar de vidas. Um dedo que pressiona com vontade de agradar, de dizer: estou vivo, encontra-me!
Há mãos que se juntam e não desgrudam – evitam outras mãos, outros toques, outras vidas.
Há mãos que se estendem e pedem sonhos, olhares, gestos... e não moedas.
Há mãos que quando juram é para sempre, outras que nem sabem o que isso é.
Se as minhas mãos falassem... eu pedia-lhes silêncio, por favor.

As cidades, Rodrigo Leão



Simplesmente fantástico...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O meu dragão de asas cortadas



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Ilustração de Al Stefano
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A noite é escura, e o medo... é um dragão que tem asas e voa.
Um dia o dragão veio e agarrou-me. Respondeu, sem querer, às minhas preces. Levou-me para tão longe e tão alto, que eu até me esqueci que o acompanhava.
As suas asas... cortei-as! É meu prisioneiro. Fugir não foge porque já me ama. Eu sussurro-lhe: “Sou a tua princesa, a tua menina bonita. Sou o teu conto preferido de amor, aquela canção que te obriga a fechar os olhos e recordar...”
O meu dragão de asas cortadas... sonha comigo em sonos soltos, enrosca-me entre o seu pêlo, protege-me da vida. Ele pinta-me de cores bonitas, lambe-me os olhos, passa a mão no meu cabelo. Nada mais existe, só eu e o meu dragão.
Ao meu dragão nasceram-lhe outras asas, mais fortes e possantes. O meu dragão, outrora de asas cortadas, tira-me o frio e o medo... Protege-me da noite, dos gritos que me querem ensurdecer. Esfrega-se no meu corpo com um abraço e pede-me que não trema. Fecha-me os olhos e fala-me de estrelas para que a escuridão do meu olhar não seja intensa. Fecha-me os olhos...
Os dias passam, cada vez mais lentos, cada vez mais sós. O bom é pesado, o mel, fel. Eu quero agora acordar deste sono pesado e não consigo. Se ele nota que eu rasgo o luto, leva-me para mais longe para onde as alturas já nem sequer existem.
Quem não tem asas agora sou eu, mas fugir já não fujo porque o amo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

The power of love, Frankie goes to Hollywood



Let yourself be beautiful...

Alguém

Sei de alguém que canta num deserto à noite.
Não é um deserto, é uma praia. Só que esse alguém canta de costas viradas para o mar.
Enquanto canta as ondas crescem e morrem. Esse alguém não gosta de as ver morrer. Por isso vira-lhe o rosto e escuta-as apenas, e daí canta. Talvez por isso o seu cantar é vaivém.
Um dia uma gaivota, que o vento empurrou por engano, disse-lhe... Disse-lhe que as ondas não morrem. Disse-lhe que se levantam e caem porque querem ver o rosto da desconhecida que lhes canta.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Amélie Poulain



Um dos meus filmes favoritos, já para não falar da banda sonora que é incrível :)

Ophelia


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Ophelia por Millais (1829-1896)
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Se te deitares nas águas azuis e calmas... fecha os olhos e dorme. A espuma há-de embrulhar os teus cabelos e colorir-te de brilhos, cores e risos. Não faz mal não respirar. Para quê?... Foste feita para mergulhar nas águas e fechar os olhos. Deita-te no silêncio e fica... fica enquanto lá fora gritarem e estiver escuro. Fica que aqui é tudo azul e bonito. Lá fora está frio e parece-me que também não pertences lá.
Deixa-te ficar, que as fadas hão-de vir buscar-te...
Lá fora o Outono continua com os seus castanhos de ouro pendurados nas árvores. Lá fora a realidade chega despida ou vestida de preconceitos. E tu não queres nada disso, eu sei. Tu sabes que a lua não é um rosto bonito no céu a sorrir, tal como o sol não é o fogo que queima cá dentro. A vida não é um respirar contínuo tão-somente, aliás, tu sabes que isso é o menos importante.
Deixa-te ficar que as fadas hão-de vir buscar-te...
Bem sei que há os que choram, mas mesmo esses hão-de secar as suas lágrimas. Tu mais tarde serás sombra vestida de cores com asas.
Deixa-te ficar que as fadas hão-de vir buscar-te...
Chegarão de mansinho, com pés de orvalho. Hão-se tocar-te ao de leve, espalhando os teus cabelos, cobrindo-te de óleos de cheiros. Hão-de beijar-te, sugar-te a vida, soprar-te histórias bonitas para dentro do teu sono.
Vês?... Não faz mal não respirar.
A tua imagem no lago de cores de Outono será ainda pintada por um louco inspirado pelo destino. Desenhará o teu cabelo espalhado no lago como fogo, e o teu rosto tranquilo dirá que encontraste fadas pelo caminho.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Please do not go, Violent Femmes



A quem me apresentou os Violent Femmes... um muito obrigada, por tudo.

Pérola perfeita


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Vermeer, Rapariga com brinco de pérola
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Pérolas, contas do mar que fazem colares para fadas.
Contas de contos... uma por criança, outra por sonho perdido, outra ainda por desgosto sentido.
São contas, com laivos de arco-íris que enfeitam cabelos e pescoços nus. Desmancham-se em grãos de areia por cada fada que morre sufocada pelas próprias asas.
As pérolas desfazem-se... não há sorrisos para as manter. Não há lambidelas do tempo que as tornem redondas e com paciência as vejam crescer.
Pérolas... uma ironia do tempo. Quem espera alcança, quem é impaciente agarra areia que escorrega pelos dedos.
Pérolas, contas do mar, contos de amor, contos de amar...
Quem vai esperar pela pérola perfeita?

domingo, 24 de agosto de 2008

Havia alguém


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Ilustração de Benjamin Lacombe
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Havia alguém que ficava comigo…
Tinha uns cabelos de noite e uma voz terna.
Ela baixava a cabeça para me segredar ao ouvido, a luz morria.
Ficava a lua e uma voz que cantava.
Falava-me de montanhas onde havia castelos, onde reis viveram.
Falava-me do mar e da terra,
Falava-me de um castelo pertinho do céu onde queria viver…

Veja bem, meu bem... - Maria Rita

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Fadas


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Ilustração de Nicoletta Ceccoli
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Vejo fadas, ou melhor, eu sinto o vento gelado que me sopram nas costas. São cores rasgadas com asas que não me concedem desejos nem sequer têm varinha de condão. Penso que se perderam a caminho do céu. Foram um dia crianças, engolidas pelo mundo, vividas pela vida. Fecharam os olhos e abraçaram o sol. Queimaram tudo por dentro. Não restaram senão cinzas que o vento pegou e levou.
Na realidade, elas perseguem-me com as suas histórias. Fico cem anos mais velha por cada história repetida daqueles livros de páginas amarelecidas e rasgadas pelo tempo. Eu bem que fecho os olhos e grito, para não ouvir senão a minha voz... Mas ecoam os seus gemidos e elas tão tristes e violadas pela indiferença, imploram-me que ouça.
Eu observo-as... as fadas de face gelada, de mãos trémulas e frias, cantam enquanto se sentam num canto de um chão vazio e sujo. Vivem para lá do palpável, para lá do que vive. São sombras apenas, que me acompanham e que me lembram de que o medo e as sombras existem. Têm saudades daquilo que nunca tiveram, saudades do escuro e do colo, de um beijo terno que nem se sente. Passam a noite no embalo e as saudades ficam no aconchego e no amor. Quando embaladas nem sabem se as amam, nem sabem se as amam...
E eu sinto sabor a areia, a vento e a fadiga. Cuspo raiva para o chão mas este sabor não passa. Bebo água, água e mais água querendo que ela me afogue por dentro e por fora. Agarro a cabeça com força, mas continua tudo a andar à roda, à roda, em agonias violentas, em enjoares estonteantes. O carrossel não pára e as crianças gritam porque os lindos cavalinhos de pau as atiram ao chão. São fadas agora...
Fadas que concedem desejos a quem tem tudo...

Solidão
















Ilustração de Benjamin Lacombe

Sean Riley



Para ouvir, fechar os olhos e embalar o corpo...

Lua nos meus olhos


Ilustração de Marta Chicote
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A minha cama é o tapete voador dos meus sonhos.
Junto com força os joelhos ao peito e os meus cabelos voam, porque o meu pensamento viaja longe, para lá das árvores e do negrume do céu. O gato preto mia. Salta para o tapete comigo e espera boleia nestas viagens.
Vejo a lua num céu de pontinhos brilhantes. Ela sorri-me sem rosto, só com lábios de luz.
Eu olho a lua e ela revê-se no meu olhar… eu sou o outro lado do espelho onde vive a sua alma… calma e gentil com sussurros de vaivém.
Houve um dia… que o céu ficou sem lua. Ela não voltou. Ficou presa cá dentro, embalada na água dos meus olhos. Pensou que tinha encontrado o mar… eu expliquei-lhe aflita, que não era aí o seu lar. Mas ela demorou-se a querer ouvir, não quis saber.
Lá fora achavam que era Lua Nova e a escuridão da floresta ficava assim decifrada.
Os dias passavam e a Lua era apenas um fantasma no céu…
As marés não se conformavam. Primeiro desconfiadas a Lua Nova aceitaram, mas lá dentro da sua alma sentiam o engano. O tempo escorria e as ondas desorientaram-se, perderam o rumo… Procuraram inquietas a sua musa em todo o lado. Primeiro buscaram o sorriso de luz dentro das suas águas: indagaram os peixes, os corais e as estrelas-do-mar… Mas depois galgaram praias, penhascos, florestas e estradas. Fizeram-se à terra em busca de orientação.
Os homens fugiam incrédulos das terríveis ondas … Os dedos de mar apertavam carros, esmagavam casas, colhiam vidas… deixando apenas um rasto de sal.
Eu escondia os olhos com medo… indefesa mas responsável por tal destruição. Pedia ao sorriso de luz por tudo que se soltasse dos meus olhos… que pelo seu descuido outros sofriam.
“Não foi descuido”, disse-me a Lua a medo, “Foi amor…”
E o meu cabelo desprendia-se em asas que se queriam salvar dos braços de água e sal.
Foi então que decidida abracei as ondas de sal e de mar.
O sorriso de luz e a água dos meus olhos… iriam ao mar regressar.

The sacrifice, Michael Nyman

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Partir


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Ilustração de Susanne Jansen
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Encontro em mim a vontade de ir.
De partir, de sair, de simplesmente ir.
Na realidade nem preciso de malas,
a espuma do mar vou encontrá-la cá dentro.
Vai ser um fechar de olhos com força,
Com o escuro a lamber-me as pestanas do sal que guardo dos sonhos.
Realmente não vou longe,
Mas a viagem será longa e tenebrosa.
Temo as vagas e o chamamento confuso das águas…
São mares antigos que estremecem cá dentro,
Estouram em sal e soluços e sabor a vento.
É água que me afoga e grita e que me enche os pulmões.
Fico assim portanto:
Sozinha no cais à espera da coragem que me vai obrigar a reencontrar.
Rio sem querer aflita e com a audácia do não querer ficar,
Toco a fenda desta alma de pedra imaculada.
E vou.
Despejo a gaveta no chão.
Cá dentro encontro cartas, beijos, gavetas cheias de outros, de mim, de páginas arrancadas e riscadas.
Sinto corar em mim as faces, o estômago aperta-se com dor.
Gaveta despejada no chão
Com a alma apertada de gritos mal dados…
Rebento as cordas que me magoam as asas.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Jason de Caires Taylor Underwater Sculptures



Não se esqueçam de ligar o som...