sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Halloween


Ilustração de David Wenzel

Noite de Halloween


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Ilustração de Nicoletta Ceccoli
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Ela surgiu numa noite como esta, em que os mundos do visível e do invisível se tocam e entrelaçam os dedos como por magia…
Eu estava quieta esperando qualquer coisa… mas só a tristeza se movia.
Ela, feita de vazios e enganos, era uma pintura de cores cruéis.
Eu sentia o perfume que a envolvia. A sua fragrância espalhava-se pelos montes, inebriava os ventos.
Nisto, um penhasco desenhou-se a seus pés. Um mar surgiu grande e revolto… Um vento foi chamado do nada, e rodopiava-a, chamava-a para o abismo.
Ela atirou com o manto que a cobria. Lançou para trás o seu cabelo revolto, e com um olhar acalmou o vento.
Como pôde ela com um olhar acalmar o vento?
Ela desenhava gestos pedindo ao vento que a deixasse voar no seu seio… mas estes gestos surgiam pesados e ocos. O silêncio tornava-se desagradável. O tecido branco que a moldava adormecia em afagos no seu corpo.
Vi então que se virou de costas para o penhasco, tão lenta quanto o seu desejo o permitia. Chegou-se ao abismo e simplesmente deitou-se no vazio… esperando uns braços mudos que a agarrassem.
Ela caía pesadamente como rocha que se desprende. E sei que mesmo ao sentir o mar, ela esperava uns braços mudos que a levassem.
A sua presença foi ignorada pelos ventos… Tudo o que surgia era puro acaso, pura coincidência de imagens.
Dela ficou o perfume e mesmo esse voou para longe.
Nada morreu com ela…

sábado, 25 de outubro de 2008

A morte saíu à rua, Zéca Afonso



Esta é em tua honra querida Isabel, e em honra do nosso secundário :) Inesquecíveis anos :)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008


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Ilustração de Benjamin Lacombe
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Hoje, sem querer, colou-se aos meus dedos uma foto tua.
Deu-me saudades de ti.
Da tua presença, da tua voz, dos teus olhos, da tua pele, dos teus cabelos ruivos.
Estás como estavas sempre. Serena, misteriosa, profunda e terrivelmente bonita.
Do lado de lá, olhas-me nos olhos sem o saberes… Com o verde de mil esmeraldas encerradas numa arca de tesouros.
Tranquilamente descansa nos teus braços a tua alma de gato… gentia, escura, traidora mas impossível de lhe resistir.
Fico a olhar-te de fora e invoco a tua presença.
Mergulho nos teus cabelos ruivos… Com os meus dedos transformo esses fios de fogo numa manta de retalhos que cobre o meu corpo, que invade o meu pensamento.
Esses fios de fogo queimam a minha pele e ferem, marcando a tua presença em mim, de uma forma inesquecível, impossível de calar o eco.
Esfrego o meu rosto no teu vermelho e na tua pele que cheira a talco, a mel, a afagos.
Que saudades… de te abraçar e gentilmente conservar a tua luz no meu peito. Que saudades de te sentir cá dentro a pulsar com muita força, como coração que batesse.
E o teu sangue, vermelho como o cabelo, preenche o azul das minhas veias e torna-as uma vez mais de fogo também.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

domingo, 5 de outubro de 2008

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Ilustração de Lina Chesak
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Amanheceu.
Mais uma 2ª feira prometendo outra semana na escola. Se por um lado as salas de aula eram um refúgio, o dedo inevitável espetado no ar... era o pesadelo que se adivinhava no recreio.
Por isso aquela 2ª feira não ía ser como as outras, somente o aceno para os de casa e a mochila pesada às costas o seriam.
Tinha de fugir. Ía bem preparado para enfrentar entempéries, fome, frio e solidão.
Os livros sempre lhe tinham ensinado tudo, nunca faltando com respostas. Contudo nunca lhe haviam ensinado a suportar o frio na alma que lhe trazia estar com os outros...

sábado, 4 de outubro de 2008

Beggin' - Madcon



Uma das músicas sensação do momento! Pelo menos para mim :)

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Ilustração de Gosia Mosz
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A mão dói quando escreve por falta de prática. Os calos ficam na ponta dos dedos, dos 10 dedos das duas mãos.
Já lá vai o tempo do lápis e do papel, do risco e do rabisco... da apagadela. Agora é o "clique" que importa, o "enter" e o "delete". Saber português é o menos porque o "Microsoft Word" corrige e até dá sugestões.
E a caneta também já era... Não apaga, não muda a letra, não muda a cor, não desenha, não interage, não corrige, não opina... e faz doer a mão!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008