domingo, 21 de setembro de 2008


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Salvador Dali, A Persistência da Memória
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Sentas-te e esperas. Finges-te paciente.
Tentas contrariar o movimento das tuas pernas... para trás e para a frente, para trás e para a frente, como o badalo de um relógio tresloucado.
Esperas coisas importantes. Sabes bem que te vão cair em cima, nem precisas de te esforçar. Só precisas mesmo de ser paciente e estar sossegada.
E já lá vão uns dias, na realidade semanas ou meses... mas tu já nem sabes contar.
A noite vem como sempre, mas umas vezes mais fria que outras.
E o dia amanhece rabugento, a esfregar os olhos e a inventar mentiras para não encarar o sol.
O rabo já está quadrado no banco do jardim e o musgo quer pintar os teus dedos de verdete.
Verdade seja dita que os teus pensamentos já estacaram algures. De tanto correrem perderam-se. Não os consegues encontrar.
Vais batendo nas mesmas teclas de sempre e o tempo vai soprando zombarias.
As estátuas olham-te invejosas... os teus olhos ainda vão mexendo. Mas os sonhos, esses, estão a afogar-se naquele lago. No mesmo lago em que aquele cão sequioso os bebe.

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