quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"Um rasto de hortelã" in Jornal das Letras

Não resisti em transcrever o que está neste site:
http://aeiou.visao.pt/um-rasto-de-hortela=f546518

"Um rasto de hortelã
A escritora, letrista e actriz Rosa Lobato Faria, morreu terça-feira, dia 2, aos 77 anos, depois de uma semana de internamento num hospital privado. Publicamos aqui a 'autobiografia' que escreveu para o JL há dois anos.

17:21 Terça-feira, 2 de Fev de 2010



Rosa Lobato Faria
João Lemos

A escritora, letrista e actriz Rosa Lobato Faria, morreu hoje, dia 2, aos 77 anos, depois de uma semana de internamento num hospital privado. Foi colaboradora (dizendo poesias) de David Mourão-Ferreira em programas literários da televisão. Autora, entre outros, dos romances Flor do Sal, A Trança de Inês, Romance de Cordélia, O Prenúncio das Águas, ou mais recentemente A Estrela de Gonçalo Enes (ed. Quasi). Publicamos aqui a 'autobiografia' que escreveu para o JL há dois anos

Autobiografia
Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia. Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores, passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo. Fazíamos quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca aprendidas.

Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a surpreendente mania de acreditar que isso era bom.
Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores.

E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angustia de esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria (não fosse a ousadia dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem).

Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui, interna, para o Colégio. Ali havia muitas raparigas que cheiravam a pão, escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias. Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal.

Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o Camões a contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais ser escritora.

Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eu coitada, como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva, e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas.

Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves.
Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobre que ninguém tinha na vida real).

Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais.

Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho, erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito.

Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia que estava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63 anos, renasci. Cresceu-me uma alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo e me tornam mais disponível, mais alegre, mais nova).

Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem. Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores, sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme.

Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30, comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas destas coisas e daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as nossas palavras ganharem vida, e sangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela inteligência dos actores. Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro porque não aprendi.

Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só uma cantiga. Irrelevante.

Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo.
Encontramo-nos no meu próximo romance."

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Querida Rosa Lobato Faria




"(...) Arregaço, cantando, a minha saia de estrelas, e lavo os pés na chuva da madrugada." - Rosa Lobato Faria in "Romance de Cordélia"

Fiquei triste com a notícia da morte de Rosa Lobato Faria...
Aprendi a conhecê-la e a respeitá-la através dos seus livros. Foi nessa altura que percebi que por detrás de alguém que sempre me pareceu altiva e distante, estava uma pessoa apaixonada, meiga, despretenciosa, divertida e incrivelmente talentosa. Espero conseguir de forma tão intensa e apaixonada viver a minha vida, como a Rosa Lobato Faria viveu a dela.
Querida Rosa Lobato Faria, descansa em paz...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mayra Andrade - Lua



Eu vou vê-la ao vivo!!!!Ela vem a Sintra ao Olga Cadaval!!!! :)
Que voz tão bonita e terna...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Stina Nordenstam - Little Star




Todos nós somos fragmentos de estrelas...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"O Sítio das Coisas Selvagens" - Where the Wild Things Are



Mais um filme que fiquei com urgência de ver: "O sítio das coisas selvagens", um filme de Spike Jonze.
Parece-me que este filme vai partilhar o meu coração com outros filmes como "Never ending story", "E.T.", entre outros... Este filme é com certeza mágico!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Os homens que odeiam as mulheres" de Stieg Larsson



Mais uma viagem paralela às minhas viagens de combóio... Este livro está a tornar as minhas viagens curtas, muito curtas mesmo! É o primeiro da trilogia Millenium.
O autor deste livro, Stieg Larsson, nunca chegou a saber do estrondoso sucesso dos seus livros... Morreu subitamente depois de ter entregue o último manuscrito. Acredito porém, que o gozo e o entusiasmo de escrever estes 3 livros deverá ter sido incrivelmente superior à satisfação de poder ver que os outros gostaram...

Aconselho os livros e o primeiro já está no cinema! É um filme sueco o que também é bom para fugirmos ao inglês e ao estilo americano.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Um novo mundo" de Eckhart Tolle



Este foi o livro que levei de férias: "Um novo mundo" de Eckhart Tolle.
É impossível ficar indiferente a este livro.
Adorei e prometi a mim própria que vou criar espaço para estar presente na minha vida, nas minhas decisões, nos meus pensamentos. Garanto-vos que é um desafio e tanto...
Aconselho para todos aqueles que se sentem perdidos, para aqueles que não sabem que estão perdidos e para aqueles que acham que são iluminados :)

sábado, 6 de junho de 2009

Richard Feynman: Prémio Nobel da Física em 1965 entre muitas outras coisas...



Desenhos de Richard Feynman - além de Prémio Nobel da Física, também desenhava... e bem!
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Esta postagem resulta de um livro que estou a ler, que uma grande amiga me emprestou. Chama-se: "Está a brincar, Sr. Feynman!" na versão portuguesa.
Tenho que admitir que não gosto da forma como está escrito (será da tradução??), mas a quantidade de mensagens poderosas que transmite é tal, que passa a ser um livro maravilhoso e importante de ler.
Retrata a vida de um homem muito inteligente apaixonado por Física... e não só! Apaixonado pela vida, pelas pessoas, pela música, pela análise de problemas de qualquer espécie.
No livro gosto especialmente daquilo que ele vai aprendendo com a vida. Não se dá apenas ao trabalho de se aperceber que aprendeu qualquer coisa... usa o que aprendeu como instrumento para melhorar a sua vida. E isso sim, é inteligência.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Porquinho de algibeira

Não é meu! Já tenho 2 cães que me torram o juízo! :)

(Este vídeo foi uma grande amiga minha que me enviou por email.)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Coaching... já ouviram falar?

De vez em quando sentimos a vida a escorregar por entre os dedos como areia... Queremos agarrá-la e não conseguimos. A vida perdeu consciência, perdeu a alma, perdeu o sentido.
Quem é que não sentiu já isso?
Foi nestes altos e baixos da vida que conheci a Catarina e o trabalho dela, o Coaching, que aconselho vivamente!
Se querem receber a newsletter Coaching para Mim na vossa caixa de correio basta ir a www.imperioperfeito.com e na base da página está o campo de registo.
Frases bonitas que nos puxam para cima... só podem fazer bem, não é?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ilustração de Dennis Sun
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"Os meus passos são de flores.

Eu, uma vez, pisei o sol: mas não o magoei

porque os meus pés são pequeninos"

Victor Pinho in Colectânea de textos infantis por Maria Rosa Colaço

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O António Joaquim


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Ilustração de Al Stefano
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"António Joaquim de Matos Rodrigues. Pequenino, com dois olhos redondos onde o sol morava.
Uma vez entrou na sala a correr. Levou a mão ao boso das calças e gritou: senhora! Uma coisa para si! E com mil cuidados, embrulhado num bocadinho de jornal, tirou então a prenda mais espantosa que me deram em toda a minha vida: uma asa de gafanhoto!
Foi o primeiro poema que li do António Joaquim."
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in Colectânea de textos infantis por Maria Rosa Colaço

domingo, 17 de maio de 2009

Poema à Professora



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Ilustração de ????
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"Conheço-te há três anos
Chamo-te Maria ou Pássaro Azul
e dou-te este poema solitário numa noite de origens e rosas.
O teu cabelo é paisagem verde
os teus olhos são a luz do mundo
o teu rosto é a minha saudade.
A escuridão é abundante dos que sofrem
e como tu
ninguém tem o coração mais dentro do peito
a sofrer a sofrer por nós
que somos teus irmão."
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Victor Figueiredo, 9 anos in Colectânea de textos infantis por Maria Rosa Colaço

sábado, 16 de maio de 2009

Lua


"Poucos de nós pensam na lua como um planeta companheiro, mas é isso mesmo que ela é. (...) Sem a influência estabilizadora da Lua, a Terra cambalearia como um pião quase a parar, sabe Deus com que consequências para o clima e para o estado atmosférico do tempo. A sólida influência gravitacional da Lua faz com que a Terra rode sobre si própria à velocidade e no ângulo certos para fornecer o tipo de estabilidade necessária a um desenvolvimento duradouro e eficaz da vida. O que não vai acontecer eternamente. A Lua está a escapar-nos a uma taxa de cerca de quatro centímetros por ano. Daqui a dois biliões de anos estará tão afastada que não vai conseguir manter-nos firmes e vamos ter de encontrar outra solução qualquer, mas até lá devíamos considerá-la muito mais do que um bonito adorno num límpido céu nocturno."-Bill Bryson in "Breve história de quase tudo" e Fotografia de Afonso Neves

Não é tão fofinho?...

Não, não é meu, nem sei quem o encontrou... Não é tão querido? Não dá vontade de pegar e dar festinhas? :)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Testes de alunos do 1º Ciclo


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Ilustração de Tara Larsen Chang
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O que se segue foi retirado de um e-mail que um amigo me mandou. Decidi partilhar porque quando li ri tanto, tanto, que acho que já não preciso de fazer abdominais hoje. Os comentários entre parentesis não foram feitos por mim.

- O Papa vive no Vácuo (!?)

- Antigamente na França os criminosos eram executados com a Gelatina (pelomenos assim não doía tanto)

- Em Portugal os homens e as Mulheres podem casar. A isto chama-se monotonia. (é frustrante que até na 2ª Classe já pensem assim...)

- (A MELHOR) Em nossa casa cada um tem o seu quarto. Só o papá é que tem de dormir sempre com a mamã. (Um destino terrível...)

- Os homens não podem casar com homens porque então ninguém podia usar o vestido de noiva. (a ver vamos)

- Os meus pais só compram papel higiénico cinzento, porque já foi utilizado e é bom para o ambiente. (Que bom!)

- Adoptar uma criança é melhor! Assim os pais podem escolher os filhos e não têm de ficar com os que lhe saem. (Pois é, com os animais de estimação também funciona assim!)

- Adão e Eva viviam em Paris. (Sim, sim lá também é Paradisíaco)

- O hemisfério Norte gira no sentido contrário do hemisfério Sul. (Viver ao longo do Equador deve ser muito divertido)

- As vacas não podem correr para não verterem o leite. (Que bom saber isso)

- Um pêssego é como uma maçã só que com um tapete por cima. (Nunca tinha pensado nisto!)

- Os douradinhos já estão mortos há muito tempo. Já não conseguem nadar! (Conseguem sim! No óleo da frigideira)

- Eu não sou baptizado, mas estou vacinado. (Esta tenho que ensinar aos meusfilhos!)

- Depois do homem deixar de ser macaco passou a ser Egípcio. (Mmm... isto ainda não sabia!)

- A Primavera é a primeira estação do ano. É na primavera que as galinhas põem os ovos e os agricultores põem as batatas. (Nunca mais como batatas)

- O meu tio levou o porco para a casota e lá foi morto juntamente com o meu avô. (Bem, se o avô já lá estava...)

- Quando o nosso cão ladrou de noite a minha mãe foi lá fora amamentá-lo. Senão os vizinhos ficavam chateados. (E assim como terão ficado?)

- A minha tia tem tantas dores nos braços que mal consegue erguê-los porcima da cabeça e com as pernas é a mesma coisa. (Acho que a mim aconteceriao mesmo às pernas)

- Um círculo é um quadrado redondo. (Esta é absolutamente fantástica!)

- A terra gira 365 dias todos os anos, mas a cada 4 anos precisa de mais um dia e é sempre em Fevereiro. Não sei porquê. Talvez por estar muito frio.(Um génio!)

- A minha irmã está muito doente. Todos os dias toma uma pílula, mas às escondidas para os meus pais não ficarem preocupados. (Sem comentários)

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Enfim... as crianças são deliciosas!

Farewell Firmin...


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Imagem do livro "Firmin"
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Pois é Maria Emília, acabei de ler o Firmin. Não perdi um amigo, ganhei mais memórias para viverem comigo. Curiosamente, este livro fala sobre isto... sobre a riqueza que é ler. Porque sem querermos ou por querermos, as memórias que ganhámos dos livros podem ajudar-nos a reinventar a nossa vida. Mas isto a Maria Emília sabe melhor que ninguém. Obrigada por me espicaçar a sair do torpor do dia a dia e vir aqui deixar uma palavrinha... Muitas saudades e tenho aqui o "Firmin" guardado para lhe emprestar :)

sábado, 9 de maio de 2009

"Firmin" de Sam Savage


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"Ao fime ao cabo, ver-me pela primeira vez não era o mesmo que olhar para uma velha ratazana. Era uma experiência mais pessoal e também mais dolorosa. (...) Apercebi-me, claro, de que a intensidade dessa dor era directamente proporcional à dimensão da minha vaidade, mas esse pensamente ainda agravou mais as coisas. Além de feio, vaidoso - o que acrescentava «ridículo» à colecção de adjectivos: baixo, forte, peludo e sem queixo. Firmin: o peludo. Ridículo."


Este livro é a minha nova viagem paralela no combóio... "Firmin".
Tenho de admitir que o facto de ter um rato ( na realidade uma ratazana) a ler um livro na capa, fez com que o comprasse imediatamente. Ratos e livros, por incrível que pareça, têm uma presença e importância fortíssimas na minha vida... :)
O livro é engraçado, doce, irónico, duro e ternurento e especialmente muito original. Só por isso vale muito a pena!

terça-feira, 28 de abril de 2009



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Ilustração de Helena Simas
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Perdi um amigo.
Que ali estava sempre a meu lado, com as suas páginas repletas de letras para serem lidas. Um amigo de folhas novinhas que queriam ser mexidas, dedilhadas... E foram! Durante dias a fio percorri as letras, as palavras, as páginas, as folhas, que queriam ser lidas de uma ponta à outra. E as palavras íam enchendo a alma de personagens, dando-lhes um corpo, uma voz, um sentir, um querer ser. Íam aos poucos ganhando vida, afecto, amor... Até 3 dimensões! Foram crescendo e enchendo o meu quarto de risos, aventuras, lágrimas. E agora que já tenho o quarto cheio de gente com alma, ao virar a última página das suas vidas... O que é que lhes acontece?
E de cada vez que leio um bom livro, o sentimento repete-se. Quase que receio fazer mais amigos, pois tenho a certeza que no fim os perco...

domingo, 26 de abril de 2009

Lagrimas negras, Bebo Valdez y Diego El Cigala.



Porque tenho o privilégio de ter amigos que me enriquecem a alma não só de carinho, força e cumplicidade mas também de boa música.
Obrigada querida Susana... por tudo.

terça-feira, 21 de abril de 2009

1º voo do modelo à escala Pilatus PC9



No passado Domingo de ventania, o Miguel encheu-se de coragem e voadores experientes para lançar o seu projecto mais querido... O modelo à escala 1/5 Pilatus PC9!


Contra todas as expectativas (ehehehehe), o aviãozinho voou, perdeu-se nas nuvens e aterrou são e salvo!!! Tenho que admitir que foi emocionante...


Agora, resta fazer um trem de aterragem mais resistente, treinar o dono do Pilatus a voar, para que o avião levante de novo o seu rabo pesado. :))))


terça-feira, 7 de abril de 2009

Aeromodelismo - Pilatus PC9


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Depois de prateleiras para os vasos e de um T0 para os nossos canitos, o Miguel meteu mãos à obra e foi terminar um projecto de aeromodelismo que tinha iniciado nos tempos da faculdade.
Durante 2 meses e meio a nossa casa ficou convertida em estaleiro aeronáutico... Deu direito a tudo: lixar madeira, brocar, fazer fibra de vidro, pintar com sprays, colocar autocolantes, tirar autocolantes, dizer palavrões, colar com cola de contacto, descolar, fazer buracos, dar-me cabo da paciência, entalar dedos, fazer experiências, dizer palavrões, gastar dinheiro, comprar motor, gastar dinheiro, comprar rádio, gastar dinheiro, comprar mala das ferramentas, deixar a casa a cheirar a resina mesmo antes de dormir... enfim, estou feliz que o projecto esteja terminado e que a nossa união de facto tenha resistido a este martírio!
Mas não podia deixar de homenagear este projecto e a paciência e a mestria que o Miguel teve em levá-lo a cabo. Afinal de contas, todo o projecto foi desenhado por ele, tirado apenas de uma fotografia a preto e branco do avião Pilatus PC9 em tamanho real. O modelo construído tem a escala de 1/5.
Neste momento, está pendurado no tecto da nossa casa. Parece-me que o dono da obra-prima anda a ganhar coragem para o voar. É que a graça de tudo isto é que o Miguel não sabe voar :)

Factura histórica


Não resisti em deixar-vos aqui uma boa gargalhada! Divirtam-se :)